Um passeio com crianças rumo a Aparecida

Um passeio com crianças rumo a Aparecida

Escolhi este dia 12 para falar sobre uma despretensiosa e surpreendente viagem a Aparecida, cidade que atrai milhares de fiéis rumo ao santuário que abriga a imagem da padroeira do Brasil. A história da minha família com Nossa Senhora Aparecida é antiga, mas se intensificou num acidente com meu então namorado e atual marido, justo num dia 12 de outubro, há alguns anos, no Rio Grande do Sul. Entre a notícia da capotagem do carro e o momento de nos encontrar sãos e salvos, minha mãe suplicou a Nossa Senhora que nada de grave nos acometesse. De fato, foi praticamente um milagre termos sobrevivido sem um arranhão, e, desde então, comemoramos esta data também como um renascimento.

E desde então eu, que não pratico muito a religião, herdei da minha mãe a fé em Nossa Senhora. E passei a recorrer a ela nos momentos de dificuldade ou de agradecimento. No último ano, passei por alguns apuros na gestação do meu segundo filho. Foram dois descolamentos de placenta e três meses de repouso, uma recuperação lenta e delicada. Tudo deu certo e ele nasceu lindo e saudável.


Com um mês e 20 dias, veio um novo baque: uma bronquiolite e a internação na UTI. Os 10 dias mais difíceis da minha vida. Uma saga que parecia interminável, dias a fio olhando aquele aparelho que mede a oxigenação da criança, um tipo de tortura chinesa. No meio do caos, era a fé que me acalmava. Numa hora dessas, a gente recorre a todos os santos, aprende a rezar, se percebe como um grão de areia neste universo infinito, vê que só a crença em algo maior pode dar conta de todo esse mistério que é ser humano. Eu, que nem sei mais rezar direito, me peguei fazendo promessa.

Então, depois dos seis meses do nosso caçula, eu precisava ir a Aparecida. Meu marido, que nem primeira comunhão fez, estava comigo nessa, e minha mãe, mais ainda, desde sempre.


Há algumas semanas, resolvemos partir do Rio de Janeiro de carro com as crianças para um encontro com a nossa santa protetora. Como estávamos com os dois meninos, um de quatro anos e o bebê de 7 meses, resolvemos quebrar a viagem em duas partes. Viajamos uma hora e meia até Penedo, cidade fofa e charmosinha, de colonização finlandesa. O lugar surpreendeu pelos inúmeros bons restaurantes, pelas lojas deliciosas de chocolate e pela “Casa do Papai Noel”, que, mesmo não estando lá, fez a alegria do mais velho. Ficamos numa pousada super aconchegante, a Reserva Penedo, que tem toda estrutura pra quem viaja com crianças (e uma piscina aquecida deliciosa pra relaxar à noite).


Na manhã seguinte, depois de um bom café da manhã, com direito a waffle quentinho feito na hora, bastou viajar mais uma hora até Aparecida. No caminho, a paisagem de montanhas cortadas por um rio é encantadora. Fomos contando ao nosso filho sobre a história da imagem da santa e dos pescadores, reconhecida como milagre, e o preparando para esse passeio tão diferente dos que está acostumado.


Como tínhamos o plano de retornar no mesmo dia ao Rio, a ideia era não demorar. O santuário tem um baita estacionamento, com lugares prioritários, e conseguimos deixar o carro muito próximo da entrada. Impressionante a quantidade de ônibus e fiéis que movimentam aquela estrutura gigante. Eu, com um pé cortado, vestindo calças e havaianas, me identifiquei com os romeiros que chegam de toda parte, descalços, cansados, cada um carregando a sua história de luta e seus motivos para estar ali diante de uma força tão grande. Cada um com um filho no colo, minha mãe ajudando com o carrinho, caminhamos rumo ao local onde fica a imagem tão famosa. Quando eu comecei a caminhada, com meu “pequeno gigante” nos braços, as lágrimas escorriam. Lembrei de todos os momentos em que busquei forças na santa, de tudo que eu pedi, por tudo que passei. Pensei em tanto que eu tinha para agradecer. E em como meus problemas deviam ser pequenos diante da jornada de muitos que ali chegavam.


Conseguimos ver o final da missa do meio-dia e depois seguimos para a visitação da imagem, que fica num lugar de destaque na basílica, rodeada de ouro. As filas são organizadas por uma separação de barras de metal, e você entra no meio da multidão para passar em frente à santa. Seguimos com eles no colo, minha mãe ajudando com as tralhas. É uma energia inexplicável. A gente, que nem ensina os filhos a rezar, estava ali chorando e se entregando ao infinito poder da fé, em frente à imagem da santa negra que arrebata multidões. Pedindo sua proteção. Nossos filhos nos olhavam calados, percebendo que algo grandioso estava acontecendo. Foi lindo e único, como são as viagens que alimentam a nossa alma e que fazem valer cada segundo desta vida.

 

 

*Texto por Clarissa Ciarelli 

 

 

 

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